Obesidade/doenças metabólicas e relação com agrotóxicos

Conte um pouco sobre a importância de se estudar doenças metabólicas.

Distúrbios metabólicos podem acarretar uma série de prejuízos para a saúde, pois o corpo humano é um organismo integrado, que necessita do equilíbrio entre o acúmulo e o gasto energético para se manter saudável. A obesidade é o principal fator de risco para as doenças metabólicas como o diabetes melitus do tipo 2 e a dislipidemia, além de estar associada a doenças cardiovasculares, distúrbios musculoesqueléticos e até mesmo alguns tipos de câncer. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a obesidade é caracterizada pelo acúmulo anormal ou excessivo de gordura corporal, que apresenta riscos à saúde. Considerando que em 2016, 13% da população adulta mundial era considerada obesa, a compreensão dos fatores de risco associados ao seu desenvolvimento pode contribuir para a elaboração de estratégias mais eficazes de prevenção e tratamento, minimizando os custos financeiros e sociais a ela relacionados.

Qual a possível relação entre agrotóxicos e doenças metabólicas?

Estudos apontam que os agrotóxicos podem atuar como desreguladores endócrinos, que são substâncias que alteram a função do sistema endócrino e causam efeitos adversos à saúde de um organismo, sua descendência e sua subpopulação. Essas substâncias mimetizam a ação de ligantes endógenos e podem agir ativando ou reprimindo vias metabólicas importantes para o corpo, alterando a homeostase energética. Dessa forma, ao atuarem como desreguladores endócrinos, os agrotóxicos podem estar relacionados ao surgimento e desenvolvimento de doenças metabólicas como a obesidade, diabetes e dislipidemias.

Quais os avanços que o seu grupo de pesquisa tem gerado nessa área?

Observamos que dentre alguns agrotóxicos que testamos em nossos experimentos, quatro destes foram capazes de induzir, in vitro, o acúmulo lipídico em células animais, e alguns destes foram também capazes de ativar um tipo específico de receptor nuclear que é considerado um receptor-chave no processo de adipogênese. Atualmente, nosso grupo de pesquisa está executando estudos mais aprofundados para melhor elucidação e comprovação do envolvimento dessas substâncias em processos biológicos nas células em estudo.

Estudo coordenado pelos professores Flora Milton e Leonardo Mendonça, com a colaboração do professor Francisco Neves (UNB). Alunos envolvidos: Beatriz Peres, Kathlen Rodrigues, Matheus Bittencourt, Thais Sant’anna, João Mulin e Felipe Demani.

Publicado: maio de 2019.

Laboratório de Fisiologia Endócrina e Metabologia

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