Potencial biotecnológico das algas marinhas

Qual a importância biotecnológica dos estudos com algas marinhas?

O ambiente marinho apresenta uma diversidade biológica que é responsável pela origem de substâncias que são fontes de interesse econômico, como por exemplo, medicamentos, alimentos, cosméticos, entre outros. A importância de estudar as algas marinhas na área biotecnológica são as diferentes aplicações que as algas marinhas podem apresentar, para o melhoramento de diversos produtos.

A indústria alimentícia e cosmética tem investido cada vez mais na utilização de algas marinhas. Como você vê essa utilização com relação a estes produtos?

As microalgas e as macroalgas são produtoras primárias e são responsáveis pela produção e transferência de componentes essenciais para a sobrevivência de outros organismos marinhos. Através da fotossíntese as algas marinhas são capazes de produzir precursores necessários para construção de proteínas, açúcares, lipídeos e ácidos nucleicos. Sendo assim, considero a utilização das algas marinhas como uma boa escolha, visto que produtos naturais já são altamente utilizados nessas indústrias, tais como, alimentos à base de proteínas, lipídeos, vitaminas e polissacarídeos, ou seja, são riquíssimas em micronutrientes que podem ser utilizadas como fonte de componentes importantes na alimentação. Desde que o uso seja consciente e legalizado, não vejo problema. É importante ressaltar que os valores nutricionais das algas marinhas podem variar de acordo com a sua coloração (verde, vermelha e parda).

Alguns estudos têm demonstrado ações antifúngicas, antivirais e até mesmo anticâncer de algas marinhas. Estes estudos mostram resultados promissores? Podemos em breve ter algum medicamento proveniente de algas marinhas para o tratamento das doenças em questão?

Atualmente, os estudos com algas marinhas têm gerado excelentes fontes de substâncias e nutrientes que são importantes para o benefício da saúde, devido às suas capacidades biológicas exclusivas e singular. Por isso, são consideradas como um potencial meio para produção de medicamentos com diferentes respostas farmacológicas. Sendo assim, de acordo com pesquisas atuais na literatura, pode ser visto que os resultados dos estudos com algas marinhas são bastante promissores e é possível gerar outros medicamentos no futuro. Porém, apesar dos resultados positivos, sabe-se que para um medicamento chegar ao mercado pode levar mais de dez anos para sua aprovação, visto que isso requer tempo e dinheiro.

Todas as algas marinhas são comestíveis? A introdução de algas na alimentação pode trazer algum benefício direto para a saúde?

Não, algumas algas marinhas, principalmente as provenientes da água doce, produzem substâncias que são tóxicas ao ser humano. Por isso, devemos ter cuidado ao comer algas marinhas, pois podem levar a morte. Apesar disso, nem todas as algas marinhas são prejudicais ao ser humano, pois são ricas em nutrientes essenciais e naturais que podem ser utilizados na alimentação, tais como, iodo, cálcio, fósforo, magnésio, ferro, vitaminas, entre outros que são importantes para a saúde.

Qual o papel das plantas para modular ou induzir hemorragia?

O objetivo dos nossos estudos com extratos de plantas é inibir a hemorragia. No caso do envenenamento, o papel das plantas seria inibir os efeitos causados pelo veneno. Não se sabe ao certo o papel da planta nesse processo de inibição, não se sabe qual fator ou qual proteína ou qual processo é inibido pela planta.

Fale um pouco sobre o projeto de pesquisa.

O projeto busca avaliar o potencial de extrato de plantas e algas marinhas, além de isolados, na inibição dos efeitos causados pelos venenos das serpentes Bothrops jararaca e Bothrops jararacussu, através de metodologias que mimetizam o envenenamento, como por exemplo: avaliação da hemorragia, coagulação, proteólise, edema. Apesar de existir tratamento para o envenenamento por serpentes que é capaz de impedir o óbito, o mesmo não consegue tratar os efeitos locais gerados, podendo levar a amputação e/ou deformação. Sendo assim, é importante estudos que possam complementar a soroterapia, visto que isso gera perdas para o acidentado e também econômicas.

Mestranda Hosana Moitinho e Doutoranda Jenifer Frauche – Laboratório de Venenos e Toxinas de Animais e Avaliação de Inibidores (UFF).

Clique aqui e confira artigos relacionados ao tema!

Publicado: fevereiro de 2020.

Laboratório de Fisiologia Endócrina e Metabologia

Copyright 2025 - STI - Todos os direitos reservados

Skip to content